O maldizer da sociedade que nos rodeia é uma componente importante das sociedades democráticas.
Na poesia, no teatro e na literatura sempre existiu e é uma forma de ridicularizar, muitas vezes com humor, o comportamento humano.
O Vítor Ilharco fá-lo neste livro com uma escrita inteligente.
Ao lê-lo, muitas vezes, não contive a gargalhada.
O ser humano tem muitas fragilidades no seu comportamento na sociedade e ridicularizá-las satiricamente é uma forma de pedagogia.
Conheço o Vítor Ilharco como um cidadão que defende grandes causas humanitárias e que utiliza a crítica satírica como arma poderosa para as defender.
Não lhe escapa, principalmente, a ridicularização de políticos, quando, em vez de defenderem ideias, entram num populismo idiota.
Ao ler o livro veio-me à memória uma definição do povo português de Miguel Torga.
“Em Portugal, as pessoas são imbecis ou por vocação, ou por coacção ou por devoção.”
O Vítor no seu livro interpreta este sentimento do Torga com uma lucidez impressionante.
É um beirão, com uma vasta carreira de jornalista e secretário-geral da APAR – Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso, de que é fundador e sócio número um.
O livro é um hino à liberdade de expressão.
Os temas acompanhados de alguma crítica mordaz são actualizadíssimos e são uma radiografia de uma sociedade que cada vez mais nos desencanta.
Como me revejo em mais um livro Frasco de Veneno e no seu sentido crítico.
António Campos